Artistas marciais de Cuiabá fazem imersão na China
Serão mais de 20 dias de imersão na cultura chinesa, onde poderão apresentar habilidades em Kung Fu. Três artistas marciais de Cuiabá embarcam em novembro deste ano para a China, onde irão participar do encontro da associação World Hung Kuen e de treinamentos com o grão-mestre Yee Chi Wai.
Serão mais de 20 dias de imersão na cultura chinesa, onde poderão apresentar suas habilidades, trocar experiências com outros praticantes e receber ensinamentos de alguns dos mais importantes nomes do Kung Fu mundial.
A professora Giovanna Lopes, 37 anos, que irá com os monitores Guilherme Lopes e Jardel Arruda, todos da escola Bai Hu, de Cuiabá (MT), destaca que um dos locais é Foshan. Segundo ela, a cidade é especial porque foi nela que viveu Wong Fei Hung (1874-1927), grande mestre da arte marcial Hung Ga praticada por eles.
“Realizado de dois em dois anos desde 2014, o World Hung Kuen foi criado por patriarcas de várias linhagens como forma de uma aproximação maior para manter nosso estilo unido e forte”, salienta.
Em seguida o grupo vai para Taishan, onde mora Yee Chi Wai (também conhecido como Frank Yee), de quem Giovanna é discípula.
“Lá, vamos fazer um trabalho mais aprofundado, realizando uma imersão cultural e histórica, treinando do começo ao fim do dia com um grão-mestre de uma linhagem tradicional”, informa a artista marcial que faz parte da árvore genealógica do estilo Hung Ga como quarta geração (ou grau) depois de Wong Fei Hung. Será o segundo encontro com Yee Chi Wai este ano, já que o grão-mestre estará em Cuiabá nos dias 2 e 3 de outubro para visitar a escola Bai Hu. Giovanna conta que ele divide seu tempo entre Taishan e viagens pelo mundo, com seminários nos Estados Unidos, Europa e América do Sul.
“Começou a vir todos os anos para cá, então o pessoal de Cuiabá agora tem o privilégio de ver ele anualmente. Hoje você consegue fazer aulas com um grão-mestre aqui em Cuiabá. Isso é incrível”, comemora.
Assim como as visitas do grão-mestre, viagens como a que farão em novembro enriquecem bastante o Kung Fu desenvolvido pelos artistas marciais, explica Giovanna.
“Nós cultivamos a cultura chinesa aqui na escola, mas não é a mesma coisa que estar na China, treinar lá, com a cultura deles. Vamos ter que nos virar para falar na língua deles. Meu mestre fala inglês, mas os irmãos de treino mais antigos não”, conta a professora.
Segundo ela, esses momentos são muito importantes para o aperfeiçoamento da arte marcial. “Nós trazemos para Cuiabá tudo o que aprendermos lá. A gente sempre volta com coisas novas. O Kung Fu, a arte marcial de uma maneira geral, funciona como a música, você tem uma vida inteira para aprender. Meu mestre está sempre aprendendo coisas novas, aperfeiçoando e trazendo para nós. Todos ganham com isso”, garante.
Se a professora e discípula direta de Yee Chi Wai está ansiosa pelo momento, que dirá para os monitores. Guilherme Wilson dos Santos Lopes, 28 anos, que está há seis praticando Kung Fu e orgulha-se de ter sido o primeiro aluno da Bai Hu, diz que é uma “oportunidade fantástica”.
“É um momento único poder estar no berço da arte marcial, poder vivenciar isso na China, porque os maiores nomes estão lá. Ver os templos, poder treinar com eles vai ser muito interessante. Vai enriquecer muito meu trabalho como monitor”, avalia.
“Já fui diversas vezes para São Paulo, para seminários, inclusive dos mestres nossos de Hung Ga e Tai Chi. Mas na China será uma imersão, é outro ambiente, outra cultura”, acrescenta.
O jornalista Jardel Arruda, 30 anos, diz que não é fácil descrever a sensação, “porque é difícil você conseguir repassar toda essa importância em poucas palavras”. Afinal, vai conhecer um país totalmente diferente, onde poderá fazer uma imersão na história, na cultura e numa rotina diária de treinos tradicionais com grandes mestres, lembra.
“Tem praticantes de artes marciais com mais de 20 anos que não têm essa chance”, reconhece o monitor, que diz ter a vida mudada com o Hung Ga. “Tive um problema sério no joelho e talvez não tivesse conseguido voltar a andar normalmente se não fosse o Kung Fu.
“Não é apenas uma luta, é uma arte marcial completa, uma filosofia de vida, autoconhecimento. Com ele eu soube mais sobre mim mesmo, quais eram os meus limites e como poderia superá-los”, frisa.