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Mostra revela Santos-Dumont para além da invenção do avião


Cerca de 600 peças extraídas de acervo revelam não somente as excepcionais invenções no início do século XX, além do avião, como também de sua personalidade De 10 de agosto a 1º de outubro, um espaço no Piso 2 do Palácio da Instrução, em Cuiabá, abriga uma réplica da aeronave Demoiselle, considerada a obra-prima de Alberto Santos-Dumont, o conhecido “pai da aviação”. Esse, no entanto, é apenas um detalhe da Mostra Santos-Dumont – Coleção Brasiliana Itaú, que ocupa 70% do segundo andar do prédio. Com cerca de 600 peças deste acervo e curadoria da jornalista Luciana Garbin e do Itaú Cultural, a mostra revela aspectos da personalidade de Dumont praticamente esquecidos devido à repercussão de sua mais famosa criação, o aeroplano 14 Bis, cujo primeiro voo acaba de completar 110 anos. A linha curatorial se sustenta em pilares que marcam a trajetória dele, tratados hoje em dia como inovação, ciência e empreendedorismo. No dia da abertura, às 20h, a curadora fará uma palestra no Cine Teatro Cuiabá (CTC). Direcionada para todos os públicos, a apresentação se estende sobre a mostra, detalhando os espaços, cronologia e a escolha dos arquivos, documentos, objetos e fotos. Entre os tópicos abordados por Luciana, estão a história do Demoiselle e um balanço sobre o desempenho da exposição em São Paulo, com dados e números. Perfil múltiplo Santos-Dumont foi esportista, designer, grande inventor brasileiro e uma personalidade referência, a ponto de criar tendências no modo de vestir e usar o chapéu, uma das marcas registradas. Teve criações até hoje pouco conhecidas do público, como o Conversor (ou transformador) Marciano, que servia para ajudar esquiadores a subir as montanhas nevadas. O nome vem de sua ideia de reproduzir a gravidade de Marte e reduzir o peso. São de sua invenção, ainda, um dispositivo para corrida de galgos, e o Canhão Paradoxal, uma espécie de catapulta para lançar boias salva-vidas para banhistas que estivessem em perigo no mar. Entre as dezenas de fotos exibidas na exposição, duas são do criador testando o canhão em uma praia. Essas imagens, como outras com sua aeronave, também haviam sido transformadas em cartões postais, um dos modismos daquela época, ao qual o próprio Dumont aderiu com fervor e cuja coleção é ali apresentada. Em Santos-Dumont – Coleção Brasiliana Itaú há muito mais a descobrir sobre esse notável brasileiro nascido em 20 de julho de 1873, no Sítio Cabangu, localizado em Palmira (MG), na Serra da Mantiqueira. Em 1879, ele foi viver com a família em Ribeirão Preto (SP), onde o pai tornou-se “rei do café” e ele mesmo começou a descobrir a mecânica nas máquinas rurais. Adulto, foi uma celebridade na França em uma época em que o País ditava a moda mundial e a Belle Époque imprimia novos modos de viver e pensar baseados no otimismo e progresso científico. Em 1932, ele morreu, triste, deprimido e sozinho, em um hotel no Guarujá. A exposição Ao entrar na mostra, o visitante encontra uma porta de hangar, onde faz o check in, responde a três perguntas sobre seus conhecimentos a respeito de Santos-Dumont e recebe uma espécie de cartão de embarque, com uma gravura extraída de um antigo jornal com o retrato dele. O “viajante” pode levar o bilhete para casa, que também tem impressão em braile. Entrando no espaço expositivo, o público encontra documentos, objetos e imagens conservadas por ele próprio e herdadas por membros de sua família, todos de valor inestimável, organizados na curadoria compartilhada de Luciana, em parceria com os núcleos Itaú Cultural de Inovação, Acervo e Enciclopédia, Artes Visuais, Produção e Centro de Memória, Documentação e Referência (CMDR). Além de peças originais e pessoais de Santos-Dumont, a exposição resgata fotografias históricas de época. São registros de voos dos balões e aeroplanos, retratos pessoais dele tirados pelos maiores fotógrafos em várias partes do mundo e nas tiragens originais guardadas no arquivo pessoal do homenageado. Até mesmo a vida financeira de seu pai está ali revelada. O público tem contato com plantas e documentos, que relatam a doação de duas casas favoritas dele: a fazenda de Cabangú e a Villa Encantada em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Alguns objetos pessoais completam o acervo, como um binóculo, uma luneta e outros instrumentos científicos usados por Santos-Dumont. Há também um grande número de cartas, documentos pessoais – desde certidões de batismo e de óbito, testamento, até declarações de renda – correspondências, patentes originais de alguns inventos, publicações da época exaltando seus feitos, livros de sua biblioteca pessoal, ou de sua autoria, oferecidos com dedicatória. A mostra apresenta, ainda, um desenho feito pelo inventor um mês e cinco dias antes do suicídio. O sobrinho Jorge escreveu que foi o último e anotou a data de 18 de junho de 1932. É importante porque mostra que ele seguia preocupado com a mecânica poucas semanas antes de sua morte, em um hotel no Guarujá. As publicações exibidas falam sobre Santos-Dumont antes e depois da morte dele, veiculadas em diferentes épocas, do começo do século aos anos 1980. Os temas vão de efemérides relacionadas ao inventor a notícias de lançamentos de livros e filmes sobre ele. Há reportagens dos jornais O Estado de S. Paulo, Folha de São Paulo, Diário de São Paulo, A Gazeta e Revista da Semana. Em um ambiente em que são projetados vídeos históricos de seus voos e fones de ouvido que tocam músicas que falam do inventor, a linha curatorial apresenta espaços definidos como da fazenda para o mundo, que trata de sua origem e ambienta como viveu em família, na infância, na adolescência, no interior do Brasil. Também expõe como se formou, os livros que leu e o inspiraram, como “A volta ao mundo em 80 dias”, de Julio Verne, e anotações de sua irmã sobre ele. O Rei de Paris fala do trabalho de Dumont e experimentos, do auge da sua produção, do sucesso e prestígio mundial, entre balões, aviões e dirigíveis. Em ‘Outros inventos’, o público fica conhecendo as criações de Dumont além da aviação. Volta ao Brasil, o mostra recebido por multidões, e como seguiu a vida como fazendeiro e escritor em propriedades da família, seu cotidiano, a morte e as homenagens que recebeu. Acessibilidade Entre os documentos, encontram-se telegramas da princesa Isabel felicitando a mãe de Santos-Dumont pelos feitos do filho, uma carta escrita por ele a um parente sobre um telegrama que recebeu de Alberto, rei da Bélgica. Tablets, adaptados tanto para videntes quanto para cegos, disponibilizam capas de jornais e reportagens nacionais e estrangeiras, da própria coleção de Dumont, guardadas na coleção Brasiliana Itaú, para que o visitante possa folheá-los. Todo o material impresso, como livros e documentos, fica também disponível em braile na biblioteca do Palácio. Um funcionário com deficiência visual orienta o público e auxilia os leitores. Ainda sobre os recursos de acessibilidade, todos os audiovisuais possuem tradução simultânea em Libras (Língua Brasileira de Sinais). Serviço Mostra Santos-Dumont – Coleção Brasiliana Itaú Com exibição em tamanho natural da aeronave Demoiselle De 10 de agosto a 1 de outubro De terça-feira a sexta-feira, das 8h às 19h Sábado, domingo e feriado, das 9h às 18h Piso 2 Indicada para todas as idades Entrada gratuita Agendamento escolar: (65) 3613-9240 Palácio da Instrução Rua Antonio Maria, 151, Bairro Centro Norte, Cuiabá (MT) Mais informações: (65) 3613-0232 / imprensa@cultura.mt.gov.br Palestra Luciana Garbin 10 de agosto, às 20h Cine Teatro Cuiabá 250 lugares Indicada para todas as idades Entrada gratuita (sujeito à lotação da casa) Cine Teatro Cuiabá Avenida Presidente Getúlio Vargas, 247, Centro, Cuiabá (MT) Mais informações: (65) 3613-0232 / imprensa@cultura.mt.gov.br

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