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Cavalhada

Uma das mais antigas manifestações culturais de Mato Grosso é a cavalhada, festa realizada em Poconé (100km de Cuiabá). A cidade é porta de entrada para o pantanal mato-grossense e sua população se divide em duas cores (vermelha e azul) no período da realização da festa, que reproduz a batalha épica entre mouros e cristãos na Península Ibérica (atual Portugal e Espanha) durante a Idade Média.

Para Luis da Câmara Cascudo, no seu “Dicionário do Folclore Brasileiro”, a “Cavalhada é uma demonstração da força do folclore mato-grossense, apesar de ser difundida em outros estados brasileiros, foi trazida há séculos por imigrantes europeus, permanecendo entre nós até os dias de hoje, sendo especialmente difundida na cidade de Poconé, rica em cultos às tradições”.

O som do instrumento de percussão conhecido como “caixa”, que se soma ao trote dos cavalos e o tilintar dos guizos, dita o ritmo da batalha. Cavalos e cavaleiros são ricamente paramentados com as cores de cada um dos exércitos. No centro da batalha está a disputa pela rainha, seqüestrada pelos mouros e resgatada pelos cristãos. Final feliz e comemorado por todos.

Foi a Igreja que promoveu as cavalhadas, luta entre cristãos e mouros, dramatizadas com grandes festejos e difundidas entre senhores da terra, os fazendeiros, que apresentavam os animais enfeitados, numa festa de sedas e veludos. É o que conta diferentes livros de história e folclore.

Em Mato Grosso, Poconé é a cidade que melhor representa a cavalhada. Embora, atualmente, as cavalhadas que se realizam no Brasil nem sempre se ajustam às regras da cavalaria clássica, e nem conservam o esplendo de outrora, dizem alguns estudiosos da festa e dança. De acordo com Rubens de Mendonça, em seu “Roteiro Histórico e Sentimental da Vila Real do Bom Jesus de Cuiabá”, a cavalhada foi realizada pela primeira vez em 20 de julho de 169, em Cuiabá, na comemoração pela chegada do Capitão-General e 3º Governador da Capitania de Mato Grosso, Luís Pinto de Souza Coutinho. Foram três tardes de cavalhadas, em que participaram as pessoas da nobreza. Provavelmente foram realizadas no largo da mandioca.

Segundo Raul Soeiro “os desfiles de cavaleiros, ou cavalhada, em festividades oficiais são antigos, pois já os romanos no início da era cristã tornaram-nos habituais, a celebração de seus triunfos militares e em suas festividades pagãs.”

A encenação é realizada durante a semana em que acontecem os festejos de São Benedito (em julho) e atrai visitantes de toda a região, aquecendo a economia do município e perpetuando uma das mais importantes tradições do povo pantaneiro.

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